Meu amor não me beija os pés.
Ele morde meus calcanhares.
Eu nunca escapo, embora tente,
e quase sempre engasgo
de também o ter entre os dentes.

Tive muito que rir hoje ao telefone
e nada pude responder ao meu amor.
Vigiavam-me olhos virgens
incapazes de entender meu riso.
É que me contava o meu amor,
como se não tivesse eu vivido,
a última tarde em minha casa,
uma festa, ele escondido
fazendo-me prazeres impróprios
a uma casa repleta de amigos.
Agora mesmo o meu amor está mentindo
e maldiz uma viagem de trabalho.
Mas sou eu quem o espera rindo,
bendizendo minhas férias.
Vou tirar férias de mentir
que não sou feliz nem amado
e vou contar a todo estranho
que este é o amor ao meu lado.
Nossos passeios de mãos dadas
não terão registros em retratos.
Serão lembranças clandestinas,
segredos de apaixonados.
Meu amor me ensina a andar de bicicleta,
o equilíbrio delicado da aventura.
Ele segura firme e me ampara
quando hesito e ameaço a queda.
O vento no rosto, o chão fugindo sob os pés,
tudo me engole em vertigens.
Quando, cansados, deitamos à sombra de uma árvore,
as nuvens tontas de nossa festa na relva,
sou eu quem ensina, professor aplicado,
a verdadeira arte: de se qui li brar-se.
:
:
:
Meu amor é marinheiro
e não faz de mim porto qualquer
onde larga seus desejos.
Nem porto sou sequer,
que de natureza fugidia
também eu sou feito.
Mais que o mar e suas correntes,
submarinos quereres me navegam
ao mais fundo, abissal, leito.
De nossos encontros, eu e meu amor,
nascem borrascas incontroláveis,
maremotos, gigantes vagas.
Eu, o mar, ele, o barco altivo
que resiste e cede, afunda e emerge
entre o singrar e o naufrágio.
Meu amor capitaneia e decide
contra a onda sísmica, eu, que
sobre o barco arrebenta virgem.
Os céus se aproximam, precipitam raios,
toda a amplidão por todos os lados
se debruça a ver-nos enfim amar.
E, então, tudo acalma.
barco e oceano se reconciliam
em marulhos e carinhos e beijos.
Retorno ao fôlego compassado
qual maré respirando à costa
e ele volta ao caminho traçado.
Volta à praia, ao seguro porto da casa,
leva sorrisos pelo corpo, gargalhadas,
todas as risadas que pude lhe dar.Meu amor não vem todos os dias
e vem de surpresa e atrasa,
mas vem perfumado o meu amor,
a melhor roupa bem alinhada.
Não sei quem alisa o linho que amasso,
quem lava e passa e engoma e guarda.
Não sei quem finge que não vê minhas marcas
no corpo que lembra minha paixão rasgada.
Quem enfeita o Natal de meu amor?
Quem assa bolos de aniversário para o meu amor?
Não sei quem cuida de suas febres... lhe dá presentes.
Nunca acordei de beijos o meu amor no dia da nova idade
Vivemos apenas as vésperas eu e meu amor,
longas vésperas de saudades.
Hoje amei sem dores
um amor que parece passar,
mas que indecide a marcha
e volta e passa e repassa.
Amei seus passeios em mim,
os anseios de ir e vir.
Como fui feliz faz pouco,
eu o caminho deste outro.
Amei, enfim, sua pausa,
mas ele não ficará, eu sei,
o meu amor.
Money makes the world go around
The world go around
The world go around
Money makes the world go around
It makes the world go 'round.
A mark, a yen, a buck, or a pound
A buck or a pound
A buck or a pound
Is all that makes the world go around,
That clinking clanking sound
Can make the world go 'round.
Money money money money money money
Money money money money money money
Money money money money money money
Money money
If you happen To be rich,
And you feel like a
Night's enetertainment
You can pay for a
Gay escapade.
If you happen To be rich,
And alone, and you
Need a companion
You can ring-ting-A-ling
for the maid.
If you happen To be rich
And you find you are
Left by your lover,
Though you moan and you groan
Quite a lot,
You can take it On the chin,
Call a cab, And begin
To recover
On your fourteen-Carat yacht.
Money makes the world go around,
The world go around,
The world go around,
Money makes the world go around,
Of that we can be sure.
(....) on being poor.
Money money money- money money money
Money money money- Money money money
Money money money money money money
Money money money money money money
Money money money money money money
If you haven't any coal in the stove
And you freeze in the winter
And you curse on the wind
At your fate
When you haven't any shoes
On your feet
And your coat's thin as paper
And you look thirty pounds
Underweight.
When you go to get a word of advice
From the fat little pastor
He will tell you to love evermore.
But when hunger comes a rap,
Rat-a-tat, rat-a-tat at the window...
At the window...
Who's there?
Hunger!
Ooh, hunger!
See how love flies out the door...For
Money makes The world...
...Go around
The world...
...Go around
The world...
...Go around
Money makes the
The world...
...Go around
That clinking
Clanking sound of
Money money money money money money
Money money money money money money
Get a little,
Money money
Get a little,
Money money
Money money
Money money
Money money
Money money
Mark, a yen, a buck
Get a little
Or a pound
Get a little
That clinking clanking
Get a little
Get a little
Clinking sound
Money money
Money money...
Is all that makes
The world go 'round
Money money
Money money
It makes the world go round!
Exercício de
dicção para
Liza Minelli
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Manet
Manet Manet Manet Maney
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Monet
Monet Monet Monet Money
Entre aqui e lá
Voar é estar parado
Sobre um tapete branco
Sob um céu estrelado
Uma vez, entre Niterói e o Rio, na barca, tivemos de esperar passar o porta aviões. “O” porque vocês sabem que o Brasil só tem um. Ficamos ali parados no meio da baía da Guanabara. Eu me distraía com o congestionamento de navios, barcas, barquinhos... no céu os aviões vinham descendo desde a Porte Rio-Niterói até o aeroporto Santos Dumont. O centro do Rio, com seus prédios altos, parecia uma muralha. Era uma ambiência futurista retrô, um Blade Runner.
Todas aquelas pessoas na barca, com seus compromissos inadiáveis: empregos, escola namorados... tudo por um fio. Todas aquelas pessoa não podiam fazer nada a não ser esperar. Também eu. Deliciosa impotência essa em que a vida não nos pertence. Naqueles minutos parado no meio da baía, senti que nada podia me acontecer. Toda a vida parada, decantando sua dor e suas ansiedades.
Agora, estou novamente sobre as águas, quase sobre Cabo Verde, entre aqui e lá. Não há nada que impeça o seguir do avião, mas ele parece parado em pleno ar. Só o monitor à minha frente conta os quilômetros que passam. Estou seguindo por sobre os fusos do tempo pelo planeta, mas é como se estivesse parado... e nada pode me acontecer. Nenhuma gente pode mudar o meu destino agora. Nem mesmo eu posso fazer qualquer coisa. Minha vida inteira por decidir, os amigos os colegas os parentes, ninguém pode me alcançar, nenhuma notícia virá agora. Nada. E nada posso. E aos poucos as dores e as ansiedades ficam para trás.
Deliciosa liberdade de nada poder, nada fazer, nada saber do mundo lá embaixo sob as nuvens. Tudo é só contemplar a noite e sua estrelas há muito mortas. Elas já não estão lá onde as vejo, eu já não estou lá de onde parti, tampouco cheguei ainda.
Pareço estar parado e o espaço e tempo dos fusos se movem sobre mim.
(
)
(
)
Borboletas não pousam
porque a vida é um fiapo na brisa
perde o sopro quem aterrissa
Des papillon ne se posent pas
parce que la vie est un fil à la brise
perd le souffle celles qu’aterrisent
In RODRIGUES, Marcus Vinícius. Pequeno inventário das ausências, Fundação Casa de Jorge Amado/Prêmio Brasken, 2001.
A poesia de Marcus Vinícius Rodrigues é lenta. Não lenta na leitura... uns versos tão curtos e tão poucos. Ela é lenta porque chega depois. As palavras demoram muito a chegar ao papel. Quando isso acontece, os sentimentos já estão envelhecidos, as idéias já não são surpresa. Tudo está decantado. Muitas camadas de tempo já se depositaram sobre a dor. E é dessa dor esquecida que se faz um verso de duas sílabas.
Bruna Bianchi é modelo e Atriz de novelas, Artista plástica e um fenômeno de fotogenia e desamparo.
Cinco sentidos
tem a mão do menino na escola.
Antes do mundo ele aprende as portas,
mas hesite na pergunta:
entro?
O olho fixo no misterioso centro
da palma.
Cinq sens
a la main du garçon à l’école
Avant le monde il apprendre les portes.
Et pourtant il hesite a la demande:
Entre-je?
Les yeux fixés o mystérieux centre
de la paume.