sábado, 31 de janeiro de 2009

Bruna Bianchi

Frases de Bruna Bianchi no conto Brutalmente Bruna. 
Livro 3 vestidos e meu corpo nu
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Mas quando foi que eu desci do champagne protocolar para o porre?

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Agora só vou aceitar críticas da Bárbara Heliodora, fofa.

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Se eu fosse uma princesa européia, ia ter um batalhão de assessores pra esconder meus deslizes. Um telefonema e o serviço secreto invadiria o apartamento, depois de minha discreta saída, e sumiria com todos os vestígios. Se o rapaz não colaborasse, jamais trabalharia neste país. Um caso de segurança nacional.

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Elevadores são perigosíssimos. Muita intimidade. É quase promíscuo.

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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Matéria do A TARDE de 19 de janeiro de 2009

Autores baianos lançam livros pela "Cartas Bahianas"

Içara Bahia, do A Tarde


Para ir de encontro à maré morna de publicações locais, estimuladas a partir de prêmios e editais culturais – que muitas vezes restringem o gênero e até o tema a ser tratado pelo autor –, a Editora P55 lança a coleção Cartas Bahianas, amanhã, às 19 horas, para viabilizar a divulgação de autores em livros. O evento acontece na livraria Tom do Saber.


Cartas Bahianas, assim, com “h” mesmo, é uma referência à escrita antiga, mesmo em tempos de novas normas e acordos ortográficos. “Escreviam assim antigamente. Resgatamos para mostrar  que, ao mesmo tempo em que está se produzindo uma turma jovem, você não perde o vínculo com o antigo”, explica Claudius Portugal, responsável pela editora P55 e idealizador do projeto literário.


Liberdade  –  Os autores participantes representam a turma de novos escritores do cenário baiano. Nas páginas dos livros, que lembram o formato de um envelope, os temas retratados são livres e pessoais. Valem contos, prosas e poesias. Nas publicações, Marcus Vinícius Rodrigues, Adelice Souza e Vanessa Buffone expressam sentimentos e revelam verdadeiro apreço pela arte de escrever. 


Marcus apresenta o primeiro livro em prosa escrito por ele. Intitulado  3 vestidos e meu corpo nu, o trabalho traz três contos inspirados nas escritoras Florbela Espanca, Bruna Lombardi e Lygia Fagundes Telles. O quarto e último conto é uma brincadeira com o leitor, como um jogo de esconde-esconde, em que ele disfarça o próprio estilo. “Tem influência de outro autor ali, escondida”. Para descobrir, “tem que ter repertório”, diz.


A diretora teatral Adelice traz Para uma certa Nina, resultado de uma viagem que fez pelo Nordeste, em 2005. No percurso, conheceu uma típica família sertaneja, logo após sofrer um acidente de carro. A matriarca encontrada, cheia de filhos, chamou a atenção de Adelice. Ela decidiu chamá-la de Nina. Uma mulher do sertão, uma “sertanina”. E decidiu ofertar os escritos. “É uma carta que eu envio para ela”, conta Adelice, que revela existir uma forte ligação entre o livro e a peça  Jeremias, o Profeta da Chuva, que ela montará com o Núcleo de Teatro do TCA este ano.


Vanessa Buffone, por sua vez, assina o segundo livro da sua trajetória de escritora. Em Aqui, ela expressa as impressões do “ir, voltar, partir, ficar, mudar e permanecer”, com poesia. “Escritos simples e de vocabulários simples”, conta. Para ela, a coleção cede espaço para o escritor testar e experimentar o novo. “É um trabalho ousado, que não pretende repetir modelos. É um espaço para descobrir quem é você, como você escreve”.


Laboratório –  Claudius também reforça a liberdade concedida aos escritores do projeto. Para ele, a coleção tem um caráter de laboratório. “Não adianta ficar preso a cânones. Por que seguir as regras, se isso não é algo obrigatório? ”, questiona o editor.


Tanto Marcus, quanto Adelice e Vanessa já foram contemplados com o Prêmio Braskem de Literatura, em anos distintos. Sejam com premiações como as da Funarte (Fundação Nacional das Artes), que disponibiliza bolsas de estímulo a criação literária, ou com a participação em editais promovidos por órgãos como a Fundação Cultural da Bahia – Funceb ou Fundação Pedro Calmon, o escritor precisa de recursos para produzir.  


A coleção vai de encontro a isso, “pois não depende de patrocínio. É uma iniciativa particular da editora”, diz Marcus Vinícius. E completa: “Eu fico muito esperançoso de que as coisas aconteçam. Que não seja preciso ficar preso a editais e que eu posso falar das minhas coisas sem ninguém me podar”. O que vale é soltar a imaginação, sem barreiras e sem limites.


Lançamento da coleção Cartas Bahianas  | Terça, 20, às 19h | Tom do Saber (3334-5677) |  R. João Gomes, 249, Rio Vermelho

domingo, 18 de janeiro de 2009

Minha foto na capa de 3 vestidos e meu corpo nu

A serenidade e a pose são minhas. A pele bonita é obra de iluminação e algo mais do fotógrafo David Glat.

Um lembrete bom para época de lançamento de livro

COMO LIDAR COM CRÍTICAS NEGATIVAS

 

Internamente.

 

  1. Analise tudo sem mágoa,
  2. Separe a maldade do comentário sério.
  3. Mude o que você concluir que o crítico tem razão.

 

Externamente.

 

  1. Ignore.
  2. Nunca tome a iniciativa de comentar a crítica.
  3. Não se defenda publicamente.
  4. Se algum idiota comentar sobre a crítica, olhe para essa pessoa desprezível com seu melhor olhar blasé, ou então olhe pro infinito, distraído, e diga com voz mansa: Ah! sim, vi. É bom dizer que já viu. Assim ninguém vai querer lhe contar.
  5. Nunca lembre o nome do indivíduo que escreveu a crítica.
  6. Se você não puder fingir que não conhece a pessoa, ou porque é conhecida sua ou porque é muito famosa, e se alguém insistir por um comentário seu, defenda seu crítico. Algo assim: Poxa, Fulano falou que ele foi muito raivoso. Será? Eu não sei. Foi a opinião dele, né?É preciso respeitar.
  7. Se, ainda assim, insistirem por uma opinião sua, diga que ainda está pensando, que toda crítica deve ser ouvida com isenção, seja de quem for. O seja de quem for é importante.

 

 

COMO LIDAR COM CRÍTICAS POSITIVAS

 

Internamente.

 

  1. Analise tudo sem vaidade,
  2. Separe a generosidade do comentário sério.
  3. Não caia na tentação de repetir aquilo que foi elogiado como se fosse uma fórmula mágica.

 

Externamente.

 

  1. Ignore.
  2. Nunca tome a iniciativa de comentar a crítica.
  3. Não se vanglorie publicamente.
  4. Se algum puxa saco comentar sobre a crítica, olhe para essa pessoa simpática e, com um sorriso compreensível, diga: Ah! Me falaram, mas ainda não tive oportunidade de ler. É importante dizer que não leu para o puxa-saco poder repetir tudo novamente.
  5. Sempre lembre o nome do indivíduo que escreveu a crítica.
  6. Se você não puder fingir que não leu, ou depois de lhe contarem o teor do elogio, diga o seguinte: Fulano é muito generoso. Ele viu coisas que eu nem imaginava.
  7. Se, ainda assim, insistirem por uma opinião sua, diga que está feliz porque as pessoas estão gostando, que literatura é assim, às vezes a gente acerta, e que você ainda está tentando descobrir onde acertou.

Minutos de ironia 3

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MODÉSTIA

 

A modéstia é a virtude dos sem virtude.

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T í t u l o s

Adoro títulos. Antes de começar um texto, ficção ou não, tenho de definir o título, mesmo que ele mude depois. Neste livro da Coleção Cartas Bahianas, o título veio depois e teve a função de dar unidade aos contos e expressar o que é o livro: 3 VESTIDOS E MEU CORPO NU surgiu para explicar o travestimento que realizo no livro. São três contos em que me visto do estilo e da temática de escritoras. Como já disse antes, o objetivo é brincar com aquela questão que sempre surge quando alguém inicia uma carreira: quais os escritores que lhe influenciaram?

Os contos constantes no livro, porém, não têm títulos que eu possa dizer que sejam meus. A MAIS BELA FLOR DA ALMA é retirado do nome da escritora “homenageada”: Florbela Espanca. Seu nome verdadeiro era Florbela d’Alma. BRUTALMENTE BRUNA é o título menos bonito, mas funciona muito bem para o conto. Na verdade, quem dá o título é a narradora do conto, a atriz Bruna Bianchi, que pretende fazer uma Peça com esse nome. DEPOIS DO BAILE VERDE é um título da Lygia Fagundes Telles. O conto vem a ser uma continuação do seu conto Antes do baile verde. Por fim, o último conto, A NOITE DE CADA UM, embora não tenha uma referência explícita (com autoria nomeada), tem origem bem clara. É inspirado no romance de Julien Green CHAQUE HOMME DANS SA NUIT (cada homem em sua noite), título que, por sua vez, é retirado de um verso de Victor Hugo: chaque homme dans sa nuit s'en va vers sa lumière (em tradução bem livre: cada homem em sua noite dirige-se a sua própria luz. O própria não está no original, mas é o sentido que dou ao verso). Caminhando por este labirinto da intertextualidade, o meu conto cita um outro verso do mesmo poema de Hugo: un vent qui souffle/ Disperse nos destins (um vento que sopra dispersa nossos destinos), que define o final do conto. A abaixo o trecho completo de Ecrit em 1846 de Les contemplation, de Victor Hugo..

 

Puis vous m'avez perdu de vue; un vent qui souffle 
Disperse nos destins, nos jours, notre raison, 
Nos coeurs, aux quatre coins du livide horizon; 
Chaque homme dans sa nuit s'en va vers sa lumière. 

 

Depois, você me perdeu de vista; um vento que sopra

Dispersa nossos destinos, nosso dias, nossa razão,

Nossos corações, pelos quatro cantos do lívido horizonte;

Cada homem em sua noite dirige-se a sua própria luz.

 

Enfim, eu que gosto tanto de títulos e me orgulho de escolher bons títulos, neste livro sou dono apenas de um. 


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domingo, 11 de janeiro de 2009

Brutalmente Bruna

Brutalmente Bruna é um dos contos do livro 3 vestidos e meu corpo nu. A personagem narradora se chama Bruna Bianchi. Leiam um trecho do conto

Lembra quando nos conhecemos, eu já estava muito bêbada. Você disse alguma coisa que não entendi, mas terminou me chamando de docinho. Eu não sabia o que responder, nem sabia a pergunta, mas aquele docinho sussurrado no ouvido .. eu não sabia o que fazer e abri a blusa. Você deve ter me achado uma louca. Depois eu ia dizer: foi sem pensar. Ia dizer que foi você quem me tirou  a razão. Não foi nada disso. Eu apenas não sabia o que fazer. E uma mulher, assim perdida, assim sozinha numa noite mais triste que as outras, essa mulher, só porque não entendeu uma pergunta, é capaz de abrir a blusa, mostrar-se desafiadora. Foi só isso, Ricardo. Toda minha vida em suas mãos só porque você disse docinho no final de uma pergunta. Não sei se você queria ir ao banheiro ou se queria me pedir um beijo. Eu apenas abri a blusa e você ficou maravilhado com minha ousadia. 

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Para um certa Nina

Adelice Souza, publicando agora seu terceiro livro, vê que “Para uma certa Nina são rabiscos de contos, fragmentos de contos, ou até mesmo projetos de contos, mas tudo escrito ainda dentro da idéia do conto, que é a forma que eu gosto de escrever. Tudo está em volta de uma história a ser contada, mesmo que seja de forma diminuta, como se fosse um trechinho de prosa poética disfarçada de Koan, de haicai, de pequeno poema. É um conto grande, partido em pedaços, e ofertado para uma mulher que conheci depois de um acidente de carro que eu vivi em 2005, no alto sertão nordestino, no pé de uma serra na divisa de Pernambuco e Ceará. Ela esteve lá, não lembro o seu nome, era uma mulher bonita, cheia de filhos, alegria no rosto e um marido bonito, honesto. Resolvi chamá-la de Nina. Ela já não tinha dentes. E a pele e o cabelo eram muito estragados pelo sol. E olhava pra mim como eu fosse um mistério, quando o mistério era ela própria”. E finaliza: “Ao ser convidada para o projeto editorial Cartas Bahianas, eu quis enviar uma carta àquela mulher. Um conto, que é o que eu  mais gosto de escrever entre as coisas que se escreve. E então nasceu este livrinho híbrido, arcaico e contemporâneo. Um registro suave e delicado de sensações vividas durante esta viagem no sertão, onde atravessei desde a Bahia até o Norte do Ceará, lendo Guimarães Rosa. Por isso, uma  homenagem a ele no final do livrinho. Para uma certa Nina é uma travessura, uma travessia, mais um dos meus livrinhos de contos. De outro jeito, mas do mesmo modo, da mesma maneira”. 

Aqui


Vanessa Buffonne, que lança agora seu segundo livro, que tem por título Aqui, afirma que seu texto “traduz o ir, o voltar, o partir, o ficar, o mudar, o permanecer. Os opostos como cúmplices do movimento. O movimento para estar, apenas aqui. Aqui é o movimento da autora, não só pelo mundo, numa viagem por países, viagem para dentro de si mesma, viagem ao encontro de novos mundos e pessoas, viagem no fazer e refazer de sua linguagem, construindo e desconstruindo suas identidades – igual é tudo que muda, a superioridade cigana diante dos aviões -, as múltiplas faces de uma busca – quem me vê uma é quem chega mais perto. Este meu livro é o encantamento com a vida, o comunicar deste sentimento, a busca da linguagem que melhor expresse o presente que se habita, hoje – Aqui é tudo que vejo”. Em Aqui, a vontade de comunicar minhas impressões do hoje que vivo, dentro e fora de mim, comunicar mesmo, com intimidade, dar forma poética a estas impressões, em tom confessional, como quem oferece o próprio diário para ser lido, como quem escreve uma carta para cada leitor, hojes bordados no papel, bordados soltos, espontâneos, mas bordados, porque buscam a beleza e se valem da técnica para isso. Uma carta para o leitor, vivendo com ele e deixando o espaço para ele também viver aquelas (ou quaisquer outras!) experiências, uma vez que no livro já não estão mais os fatos de um passado, ou memória, ou ficção, mas hojes bordados.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

3 Vestidos e meu corpo nu

Capa do livro 3 vestidos e meu corpo nu, que será lançado em 20 de janeiro na Tom do Saber, no Rio vermelho. Trata-se de um livro de contos inspirado em escritoras. O livro é um jogo, uma brincadeira com o fato de ser meu primeiro livro em prosa. Sempre que alguém estreia em literatura, há um primeiro momento de mapear as influências do escritor e escolher os rótulos que lhe caem bem. Chamado a participar da coleção Cartas Bahianas, optei por apresentar um livro com essas provocações. Trata-se de um pequeno volume com quatro contos. Três deles são escritos sob inspiração de três escritoras, Florbela Espanca, Bruna Lombardi e Lygia Fagundes Telles. Aparentemente, elas nada têm em comum: uma poeta portuguesa morta por suicídio em 1930 (A mais bela flor da alma), uma poeta/atriz, pouco reconhecida como escritora (Brutalmente Bruna) e a dama da literatura, que se encontra com mais de oitenta anos (Depois do baile verde). Em cada conto eu me inspiro nessas mulheres e suas obras para contar histórias de mulheres que, de algum modo, efetivo ou não, encontram-se sozinhas: um irmão que há muito faleceu, um marido que insiste na ausência, uma filha que a abandona. Para cada conto, busco me aproximar do estilo de cada uma, desde o uso de técnicas narrativas a apenas a reconstituição de uma atmosfera. São estes os vestidos. No quarto, (A noite de cada um), assumo, falsamente, a premissa de que há uma temática e um estilo meus a apresentar. É uma mentira. O conto se constrói como um jogo de esconde-esconde, desde a própria trama, que trata da impossibilidade da personagem protagonista vir à luz, até a intertextualidade, que, ao contrário dos “contos vestidos”, está oculta ou pelo menos não óbvia ou assumida. Enfim, o livro se monta como um jogo, brincando com a ideia de influência e a de gênero, já que se trata de um livro feminino, escrito por um homem. Entretanto, este jogo logo é deixado para trás, quando se observa a profunda solidão dessas personagens, cada uma guardando em si os interditos da vida

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

CARTAS BAHIANAS


Cartas Bahianas.

Este é o nome da série de literatura que a editora P55 inaugura, sob a coordenação editorial de Claudius Portugal, com os livros

 

Para uma certa Nina, de Adelice Souza

3 vestidos e meu corpo nu, de Marcus Vinícius Rodrigues

Aqui, de Vanessa Buffone

 

LANÇAMENTO

Data: 20 de janeiro de 2009, terça-feira,

Horário:  das 19 às 22 horas,

Local: Livraria Tom do Saber, no Rio Vermelho.


Em breve, mais informações sobre os livros

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sábado, 3 de janeiro de 2009

Contra o silêncio




Cante comigo,

única voz

nós dois,

em falsete suave.

 

Cante, amigo,

canção e saudade

deitado em meu braço.

 

Eu o fôlego no teu peito,

o palco e o aplauso,

platéia entregue ao desejo. 


E se vier o silêncio,

o violento silêncio dos passantes,

rasgaremos nossas gargantas,

cantaremos ainda mais alto.