segunda-feira, 16 de maio de 2011

A omoplata

Republico aqui a pedidos. O conto saiu no livro EROS RESOLUTO, pela editora P55, 2010 e ganhou o 1º lugar no Concurso nacional de contos Newton Sampaio 2009, promovido pela Secretaria de Cultura do Paraná.
— E essa cicatriz?
Ele passou a mão pela omoplata esquerda do outro. Era um risco em diagonal. Começava perto do ombro, o esquerdo, e ia descendo e se aproximando da coluna. Ele estava deitado de costas na cama. O outro, de bruços sobre ele, as pernas sobre seu ombro direito, abraçado em suas pernas. Nus. Ele acariciava o corpo do outro, as coxas, a bunda, as costas, numa lenta preguiça.
— Parece que lhe arrancaram uma asa.
— Como é?
— É! A marca é certinha como se você tivesse uma asa aqui e alguém tivesse arrancado.
O outro riu.
— Asa?
Agora ele vai dizer que eu sou um anjo caído do céu, pensou o menino.
— Como um anjo. Alguém lhe arrancou essa asa e você caiu do céu, coitado.
O outro se virou e olhou para ele. Um olhar doce atrás dos cachos dos cabelos. Passou para debaixo de uma das pernas dele, como um gato dengoso, se enroscando mais ainda.
— Você me acha um anjo?
— Acho. Um anjo que caiu do céu.
— É?
O menino ficou esperando que ele falasse dos cachos.
— Um anjinho.
— Eu já fiz papel de anjo, na escola. O anjo da anunciação. Todo ano eu tinha de fazer. Eu nunca queria, mas as freiras me adulavam até eu aceitar. Eu ia lá e dizia que ela ia ter um filho de Deus.
— Aí ela dizia: mas eu não conheço o homem.
— Eu era pequeno, não sabia o que queria dizer isso. Ficava perguntando às freiras, mas elas não respondiam. Eu não entendia como Maria não sabia o que era um homem.
— Mas você ia lá e dizia tudo direitinho.
— Como um anjo.
— Também, com esses cachos.
O outro abriu um sorriso satisfeito. E riu mais ainda quando ele começou a morder levemente a sola de seu pé. Tentava escapar e não conseguia. Ele abriu suas pernas e começou a lambê-las, foi subindo pelas coxas até a bunda.
— Vem cá, Miguel Arcanjo!
O menino riu ainda mais.
— Olha, você escolheu o anjo errado.
— Por quê?
— Miguel não foi aquele anjo que expulsou Adão e Eva do Paraíso? Acho até que foi ele que pôs fogo em Sodoma, a espada flamejante. É melhor não chamar ele aqui não, viu?
— E se eu lhe chamar de anjinho safado, pode?
— Ou Gabriel.
— Gabriel?
—O anjo da anunciação, bobo. O inseminador.
— Inseminador? Você pensa umas coisas, cara.
— Mas não foi isso que aconteceu? A primeira inseminação artificial da história. Ou celestial, se você quiser.
— Não dá pra acreditar que você tá falando essas coisas.
O menino ficou sério, olhou para ele com gravidade.
— E se não foi nada disso. Já pensou? O anjo foi lá e resolveu tudo do jeito antigo. Afinal, eram os tempos antigos, não era?
— Como você é safado!
— Aprendi com as freiras.
— Então vem cá, safadinho. Eu quero mais do meu anjinho agora.
— Mais?
— É.
— Agora?
Ele balançou a cabeça num sim. O outro respondeu divertido.
— Eis aqui a serva do senhor. Fazei em mim segundo a sua vontade.
***
Depois do banho, eles voltaram para a cama.
— Não era “fazei em mim segundo a vossa vontade”?
— Não. Era “sua” porque era a vontade de Deus e não do anjo e Deus não estava presente.
— Deus está em todo lugar.
— Mas ela não estava falando com ele, ora. Foi só o anjo, eu te contei.
— Você entende muito de anjos, né.
— Você nem imagina o quanto.
O menino riu divertido.
— Vem cá, vem. Fica aqui comigo.
Ele agarrou o menino e o abraçou. Ficaram enroscados um no outro.
— Se eu dormir, promete não levantar?
— Prometo.
— Como meu anjo?
De novo o anjo, pensou o menino. Tantas vezes o anjo.
— Mas nós não podemos ficar agarrados para sempre, você sabe.
— Só mais um pouco.
— Tá bom.
O outro lhe beijou a cicatriz nas costas.
— O que foi mesmo?
— Hum?
— A cicatriz.
— Dorme, vai.
— Ah! Conta.
— Foi um acidente. Eu caí de um muro.
— Mas é tão bem feitinha. Parece um corte de faca.
O menino se desvencilhou do homem e sentou na cama.
— Por que alguém ia me cortar com uma faca? Que coisa!
— Sei lá. Tem maluco pra tudo nesse mundo.
— Eu caí. Tava brincando no muro, correndo, acredita? Perdi o equilíbrio e caí de costas. O anjo caído, como você falou. Minha mãe deu aquele tal de ponto falso. Uniu as duas partes e colocou um esparadrapo bem largo. Ficou essa marca.
— Coitadinho. Vem pra cá, vem.
— Eu tenho de ir embora.
— Fica mais.
— Não dá.
— Pra que a pressa?
— Eu vou pegar minha roupa na sala.
O menino saiu do quarto. Ele ficou na cama. Uma cicatriz tão bem feita, como se tivesse sido feita por uma navalha, uma faca.
— E você caiu em cima do quê? Gritou para o outro na sala.
— Hein?
— Quando você caiu do muro, onde você se cortou?
Da sala não veio nenhuma resposta. Ele se levantou e foi até a sala. Estava vazia. Chamou pelo outro.
— Diga.
O menino estava parado na porta da cozinha, ainda nu. As roupas embrulhadas na mão, escondendo parte do corpo ainda adolescente. Ele já tinha vinte anos, mas a carinha era de menino. E perto do outro, bem mais velho, parecia ainda mais garoto.
— Tava com sede. Você não se incomoda de eu ter aberto a geladeira, não é?
— Não, não. Claro que não. E eu nem ofereci nada. Quer comer alguma coisa?
O menino se aproximou. Pegou em seu queixo e o beijou.
— Eu tenho tudo que eu quero aqui.
De novo estavam entrelaçados. As roupas foram deixadas no chão. Ele suspendeu o menino nos braços e o levou de volta para o quarto, pra a cama. Jogou todo o seu peso sobre o corpo franzino. As mãos apertavam as coxas, a cintura, deixavam uma vermelhidão na pele branca. Eles começavam a se amar de novo.
— Eu preciso mesmo ir embora, disse o menino.
— Você não vai mesmo dizer como você se cortou assim nas costas.
O menino estava embaixo dele, totalmente submetido a sua força. Tentou afastá-lo um pouco. Olhava sério, até que explodiu numa risada divertida.
— Como você é curioso.
— Demais.
— Eu caí do muro, já disse.
— E...
— E me cortei em alguma coisa, uma pedra, sei lá. Eu gostava muito de correr em cima do muro. Brincava de pega-pega. Não lembro bem como foi.
Ele virou o menino de bruços e enquanto abria suas pernas, lambia a cicatriz.
— Parece faca. Parece que alguém tentou te cortar.
Ele falava enquanto pressionava todo o corpo sobre o menino.
— Fala a verdade, fala.
— Tá pesado.
— Fala!
— Tá bom. Mas você não vai acreditar. É uma história tão maluca. E faz tanto tempo que eu minto. Nem sei se sei falar a verdade sobre isso.
— Quero ver você falando a verdade.
— Como é? Tá me chamando de mentiroso?
Ele ficou olhando para o menino sem falar nada.
— Tá, né?
— Não é isso. É que você nem quis dizer seu nome.
— Mas eu não menti. Eu só não quis falar. Eu também não quis saber o seu.
— Eu posso contar.
— Não. Vamos ficar assim. Sem nomes.
— Se eu soubesse seu nome, podia lhe conhecer melhor.
O menino olhou sério para ele.
— Nomes não mostram nada, não. Só escondem mais. Se eu me chamasse Gabriel ou Miguel, como esses anjos aí, ia fazer alguma diferença? Você nem ia ver direito quem eu sou.
— Mas eu não to vendo agora.
O menino foi até a janela.
— E se eu me chamasse Ariel? É um nome de anjo, não é? Também é o nome daquele espírito do ar daquela peça. Se eu me chamasse Ariel, eu podia voar?
— Afasta daí, vai.
Ele sentou na janela, os braços abertos. Segurava-se pela ponta dos dedos nas laterais da janela.
— Escolhe um nome de anjo pra mim e minhas asas vão nascer.
— Pára de brincadeira. Desce daí.
— Você tem de escolher o nome certo. Se for o nome certo, terei asas. Se você errar, vou cair daqui e me espatifar na rua lá embaixo.
Ele não sabia o que fazer. Aquele menino pendurado em sua janela. Tão jovem. Tão violentamente jovem e magro. Seu corpo ficou pesado e cada vez mais velho. Ele não tinha força para pular e agarrar o menino. Um só passo e o alcançaria. Era um homem grande, forte. Bastaria um gesto e o pegaria. Quando o encontrou na rua, parecia ser tão inofensivo. Não haveria perigo de levar aquele garoto para casa. Poderia dominá-lo tão facilmente. Depois, descobriu que não era tão jovem assim. Vinte anos. Veio a hora dos nomes. É preciso dizer o nome quando se conhece alguém.
— Vamos nos conhecer sem nomes. Ele disse.
Mas como não querer saber o nome daquele menino tão doce e encantador. Ele queria conhecer mais e mais o garoto. Sentia até que queria algo mais do que uma noite. Entrou naquela carne com se voltasse para casa. Era o lugar onde queria estar, tanto tempo sozinho. Podia estar carente, iam dizer os amigos, mas naquele momento achava que estava certo. O menino era como um anjo mesmo.
E, de repente, toda aquela conversa doce e inofensiva de anjos descambava para aquilo. Um menino pendurado em sua janela. A qualquer momento podia se jogar. O corpo estendido no asfalto lá embaixo. O escândalo.
— Desce daí, vai. Isso não tem graça nenhuma
— O nome. Diz o nome. Com um nome você me salva ou me mata.
O menino soltou os dedos. O homem se jogou e o agarrou a tempo. Com uma força tirada da tensão, puxou o menino com violência e jogou na cama.
— Você é maluco?
— Você me salvou. Meu herói.
Ele estourou uma gargalhada!
— E quem lhe salva, agora?
O menino gargalhava descontroladamente. O homem atônito.
— O que foi agora, cara?
— Você me salvou. E você, quem salva. Dizia o menino entre risos. — Agora você tem de cuidar de mim. Isso é praticamente uma lei universal.
— Cuidar de você?
— É. Cuida de mim.
A voz dele ficou doce e carente. O homem sentiu o corpo esfriar. O sangue se acalmava nas artérias. Ele se sentia como se estivesse caindo num abismo. Um escuro abismo. Tudo desabava lentamente, a explosão do gesto anterior de puxar o garoto da janela se esvaziando aos poucos. O menino se enrolou no lençol, como um bebê. Apenas as costas à mostra. Parecia esconder no lençol um choro. Pelo menos foi isso que o homem pensou que acontecia. Sem ver, via o que queria. Era apenas um pequeno anjo desamparado aquele menino. Sem nome, apenas esperava alguém que o acolhesse. O homem deitou a seu lado e abraçou aquele corpo delicado. Voltou a beijar a cicatriz nas costas. O lugar de onde tinham tirado a asa daquele anjo, de onde tinham tirado a inocência. Ele sentia cada vez mais que aquele menino lhe pertencia e que sua vida deveria pertencer àquele menino. Sem nome, ele, encontrado na rua, um menino que poderia ser um assaltante, tão falsa aquela história de colégio de freiras! Por outro lado... não, não havia um outro lado. Nada em que pudesse se agarrar. Tudo era perigo. Mas por que sentia tanta certeza? Ele cabia exato nos seus braços. Poderia caber exato na sua vida. Ele sabia, apesar de tudo que vinha contra, ele sabia que tudo acabaria bem.
— Eu vou cuidar de você!
***
— Foi uma freira
— O quê?
— A cicatriz. Foi uma freira.
— Uma freira?
— No colégio, eu era interno lá, tinha uma freira, Irmã Undira, que gostava muito de mim. Tinha verdadeira obsessão. Era ela que sempre me fazia ser o anjo nas peças. Acho que ela acreditava que eu era um anjo.
— Undira. Que nome diferente. É Italiano?
— Não sei.
— O que ela tem a ver com essa cicatriz?
— Você vai achar que eu estou mentindo.
— Conte.
— Eu já tinha uns onze anos. Ela ainda queria que eu fosse o anjo na peça. Eu estava grande demais pra isso. Não queria. Mas a idéia dela era fixa em mim. Parecia que ela queria mais de mim, sabe? Vivia me apalpando discretamente. Um dia ela me chamou na oficina do colégio. Era lá que ela fazia as roupas de todas as peças do colégio. Queria me mostrar uma nova asa de anjo. Eu não imaginava que algo assim pudesse acontecer. Fui lá, obediente. Tirei a camisa como ela mandou e me sentei. Não cheguei a ver a asa. Eu só lembro da dor, como se uma faca afiada tivesse sido cravada nas minhas costas.
O homem olhava calado o relato do menino. Estavam deitados. O menino estava de bruços. Não era possível ver seu rosto. A voz era calma.
— Gritei muito e fugi. Corri muito pelos corredores do colégio, até chegar ao refeitório. Lá, desmaiei nos braços da cozinheira. Lembro de ter sido levado ao hospital. Fiquei dois dias lá. Quando voltei, disseram que a Irmã Undira tinha ido embora para um outro convento. Não era verdade, um dos meninos disse que encontraram a Irmã na oficina, morta. O corpo numa enorme poça de sangue. As freiras não deixaram ninguém saber. Esse meu colega só soube porque ouviu uma história atrás da porta. Você sabe como são essas coisas. Logo depois eu saí do colégio. Voltei pra minha cidade no interior. Não fiquei muito por lá. Ganhei o mundo.
— Ela quis enfiar uma asa em você?
— Não sei. Podia ser mesmo apenas uma faca. Quem entende os loucos? Para mim ficou essa impressão, uma armação de ferro enfiada nas minhas costas. Eu seria um anjo de verdade. Você acredita nisso? Ela queria que eu fosse um anjo de verdade e enfiou aquilo em mim. Depois disso, tive de mentir em casa, dizer que tinha caído de um muro. Essa passou a ser a verdade. Uma das freiras, Irmã Fernanda, ficou um tempão me catequizando. Sabe aquela voz doce que as freiras têm? Ela, primeiro, me convenceu que era melhor não contar nada a ninguém. Depois, ficou repassando comigo a história até ela ficar bem redondinha, até virar verdade. As freiras me ensinaram muito, até a mentir bem, sabe? Todo mundo acreditou. Talvez nem tivessem acreditado, se eu contasse a verdade, tão doida essa história.
É uma história muito estranha mesmo, difícil de acreditar.
— Tá vendo. Por isso que eu não queria contar. Agora você vai mesmo dizer que eu sou um mentiroso. Já sei. Você acha que eu me meti numa briga, sei lá, que eu sou um bandido e que essa cicatriz é uma prova da minha vida de crimes.
— Eu nem sei o que você faz pra viver.
O menino se virou para ele. O olhar tranqüilo.
— Eu também não sei o que você faz pra viver.
— Ah! Mas eu ...
— Já sei. Você tem esse apartamento, um carro... Quem garante que você não é um bandido dos grandes, um traficante, sei lá. Você também pode ser um maluco e querer me matar a qualquer momento.
— Você não vai dar uma de doido de novo, vai?
— Quer que eu vá embora?
— Não, não é isso.
— Olha, eu posso ir. Tudo bem.
— Eu quero que você fique. Não disse que ia cuidar de você?
— Disse.
— Então? Eu só queria saber o que você quer de mim.
— Muito pouco.
— muito pouco?
— Mas eu pensei...
O menino abriu novamente seu sorriso. Novamente ele brincava. O sorriso era doce e ao mesmo tempo ácido, dissolvendo com sua química tudo o que ele dizia. Num segundo suas palavras eram verdade, no outro o sorriso denunciava uma mentira. O homem estava novamente jogado à dúvida. Uma pequena brincadeira como essa fazia com que ele duvidasse da história das freiras. Tão inacreditável mesmo. E tudo naquele menino levava a essa insegurança. Mais uma vez ele se agarrava à certeza de seu coração. Tudo estava certo. Ele sentou sobre a cama, em cima do menino. Suas pernas prendiam os braços dele. Num único gesto ele imobilizava o outro. Sua força dominava tudo. O beijo começou forçado. Depois, foi se harmonizando, ficando apaixonado. Quando o menino já estava entregue, ele soltou os braços dele de suas pernas.
— Eu vou lhe dar tudo que você quiser.
— Tudo mesmo?
— hum, hum!
— Então você pega água pra mim?
— como?
— Água.
O homem riu divertido.
— Mas você não leva nada a sério, hein?
— É que eu ainda tô com sede. Isso é sério
— Tá bom. Eu vou pegar água pra você. Fica aqui quietinho, viu?
— Eu vou ficar. Bem quietinho mesmo.
Ele se levantou. O menino ficou na cama olhando para ele. Parecia tão tranqüilo. O homem também estava tranqüilo. Encontrara de alguma forma alguém para ter, cuidar, amar talvez. Não importava muito se era um garoto ainda tão perdido, tudo se ajeitaria. Passou pela sala, viu as roupas emboladas no chão. Tinha feito um novelo com as roupas, pareciam um pacote. Um bagunceiro, pensou. Ele se educaria. Tudo ficaria bem. Fora do quarto, não podia vê-lo e não o vendo, poderia ver o que quisesse. Assim, ele via um garoto perdido pronto para ser encontrado, um anjo de uma asa só, se debatendo para voltar a voar. Ele o ajudaria. Faria dele alguém - o seu alguém – e então ficaria em paz.
Entrou na cozinha. Ela estava na mais absoluta ordem, como gostava de deixar. Ele espera uma mínima bagunça. Um copo em cima da pia, a garrafa fora da geladeira. Talvez a geladeira aberta. Nada. Nenhum vestígio de que o menino tivesse bebido água mais cedo. Da ordem absoluta, havia apenas uma falha: a gaveta de talheres imperceptivelmente entreaberta. Um alarme estourou na sua cabeça. Ele não abriu a gaveta, mas o que não via se mostrava nítido em sua cabeça. Parecia tão claro. Todas as cenas voltaram como um relâmpago. As conversas. Tudo em velocidade, até um momento se fixar. O sorriso do menino tilintando atrás de uma frase.
— Quem te salva?
Ele lembrou. Num instante rápido, quis que nada disso tivesse acontecido, queria não ter se deixado levar por... Devia ter tomado mais cuidado. Queria retroceder, escapar, mas tinha ido longe demais, já estavam num ponto em que não se pode mais voltar.