sábado, 28 de fevereiro de 2009

Tenho andado muito por aqui

NENHUMA DOR

FRASES, FRAGMENTOS, IMAGENS, PEQUENAS COISAS

http://nenhumador.blogspot.com/

Comentário de um leitor sobre 3 vestidos e meu corpo nu

Adorei o livro. É uma bela incursão na prosa: ficou aquele gostinho de poesia no final. Muito bom. Acho que os quatro contos ficaram lindos. O de que mais gostei foi "A noite de cada um" (o corpo nu do título). Como gosto de literatura fantástica, considerei o melhor conto do livro. 

Ainda não tive como fazer uma análise literária mais profunda. Mas a primeira impressão foi realmente muito boa. Só reclamo do tamanho: fiquei com vontade de ler um pouco mais.

Abraço, Léo

VIAS

Toda via

tem seu andarilho incansável.

 

Todo andarilho tem um dia

de pousar à margem de um regato.

 

Todo regato é via

de não se andar.

 

Todo andarilho deveria

tentar o nado.

 

Todavia...

As reticências do poema VIAS atraíram minha atenção. Reticências sugerem caminhada, extensão... A própria poesia é andarilha, trilheira, percorre todas as vias, as viáveis e as nem tanto, a mão e a contra-mão. O poeta é um caminhador das palavras, o flâneur baudellairiano, caminha andando e sem andar também, com o pensamento condoreiro, anda por cima, por baixo e por dentro das coisas. Vias, de Marcus Vinícius Rodrigues, fala do entrave da poesia, da não-via, e , diante dele, escapa com uma palavra transbordante de movimento e fuga: todavia, ainda mais quando acompanhada de reticências. Aí, o poeta é a própria palavra, e esse é um momento de grande intensidade lírica no poema. E, então, o poema se abre para a dubiedade que todavia também traz, e não se fecha nunca, não acaba. Fecha-se os olhos e viaja-se com Vias ( e vê-se, também), tudo na imaginação. 

 

No texto: UMA MIRADA SOBRE OS NOVOS POETAS DA BAHIA: RETRATO POÉTICO DE UMA ERA DE INCERTEZAS, de LUCIANO RODRIGUES LIMA, Professor da UNEB e da UFBa


O poema se encontra no livro Pequeno inventário das ausências e na antologia Concerto lírico a quinze vozes: uma coletânea de novos poetas da Bahia.
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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Azul de litoral_ trechos de poemas de CARLOS PENA FILHO

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... em vosso claro olhar, e leve,

navegam coloridas geografias,

azul de litoral, paredes frias,

vontade de fazer o que não deve...

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Então, pintei de azul os meus sapatos

por não poder de azul pintar as ruas,

depois, vesti meus gesto insensatos

e colori as minhas mão e as tuas.

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Mais que o claro domingo e o claro cântico

que o litoral deixou em meio às blusas,

retém seu corpo as tardes inconclusas

sepultadas no azulescido atlântico.

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Fotos minhas tiradas no Solar do Unhão, Salvador-BA

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Matéria do Jornal A TARDE



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<><><><>A sorte de ganhar ou perder

Foto minha da CRUZ CAÍDA, escultura de Mário Cravo

Tive a sorte de ganhar um prêmio (Prêmio Copene, hoje Brasken, da Fundação Casa de Jorge Amado) e assim fazer minha estreia na literatura. Alguém dirá, um bom amigo talvez, que tive a sorte e o talento. Talento? Acho que sim, mas não se trata de uma crença absoluta em mim, trata-se de uma crença construída de pequenos sucessos, com muita desconfiança e um suspiro esperançoso no final: É! Talvez eu seja bom! Dito isso, para não acharem que sou modesto, vamos tratar da sorte de ganhar e da sorte de perder.

 

Sim! Ganhar um prêmio também é sorte, independente do talento. Afinal, não se pode esquecer que naquele júri existem pessoas com suas idiossincrasias, suas crenças particulares sobre o que é bom e belo. É uma sorte encontrar uma banca que esteja em sintonia com sua forma de escrever. Lembrar disso ajuda a ganhar com serenidade. Afinal, pode ter acontecido apenas isso, sintonia, e não o reconhecimento de um talento absoluto acima dos gostos pessoais. E ajuda a perder com serenidade também, pelos mesmos motivos vistos de maneira invertida.

 

Às vezes, a gente ganha por azar, por que o livro não era bom e a gente acaba publicando algo que precisava de mais maturidade. É a partir desse raciocínio que penso na sorte de perder. Pode-se ganhar muito com isso. Vejam 3 VESTIDOS E MEU CORPO NU. Trata-se de um livro de contos pequeno. Esses contos já compuseram um livro maior. Este livro participou de concursos e não ganhou. Que sorte! Ficou tão melhor o livro assim, tão uno, tão forte! E o próximo, com outros contos do mesmo livro, será também forte. O livro grande se diluía, ficava sem uma identidade marcante. Esses pequenos são muito melhores. E olhe que são os mesmos contos.

 

Foi sorte!


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