quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dois poemas

Todo poeta tem poemas como esses abaixo: um de que todos gostam, que sempre é lembrado; e outro de que o poeta gosta muito, mas que não é percebido pelos outros.


POEMA DE QUE TODOS GOSTAM


Pipas


Todas as pipas que tive

não as vi voando

míope que sou.

Só o barbante suspenso,

o farelo de vidro.

No alto, puxando,

a pipa invisível.

vem voar comigo.

Hoje não. Estou de castigo.


POR QUE GOSTAM: o que alcança as pessoas é o tom de infância que o poema traz


POEMA DE QUE GOSTO


Ave


Parte-se no ar

a asa,

esvai-se

o voo exato.


Cai vermelha,

grave,

a ave.


rodopia

debate-se

parte-se

no piso.


Não sobrevivo.


POR QUE GOSTO: gosto do ritmo e da cena que é descrita. Ao mesmo tempo musical e visual. Talvez não seja um poema relevante, enfim, mas gosto muito.


foto minha

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O melhor café de Salvador


Café com leite e torta alemã na Sala de arte do PAC (pavilhão de aulas do Canela), campus da UFBA. Gosto de café e já passei por todos os tipos: capuccino, machiatto, frapuccino... mas bom mesmo é o simples café com leite. O do circuito sala de arte é imbatível, exceto o da sala vivo. lá compraram uma máquina diferente. não é a mesma coisa. Vou à Sala de arte do PAC quando tenho tempo antes das aulas da noite na Faculdade ali perto. É sempre um momento de tranquilidade no meio da semana. No momento em que tirei a foto com meu celular, tocava um instrumental de Manhã de Carnaval. Ouvia essa música quando criança, numa gravação de João Gilberto. Eram os tempos de ouvir música com o encarte do LP na mão, acompanhado a letra, tempos lentos e contemplativos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

NÃO ME FAÇA LER ESTE POEMA

Não me faça ler este poema

cheio de frases secretas

e de tanta inteligência.


Não me obrigue a ler o verso

que algum filósofo sustenta

para me salvar da inércia.


Seja para mim mero poeta

de olhar o horizonte todo um dia

e me convidar a sentar ao cais.


E, então, faça do seu livro um barco,

do poema, velas e mastros

e deixe-me soprar.

Foto minha