Todo poeta tem poemas como esses abaixo: um de que todos gostam, que sempre é lembrado; e outro de que o poeta gosta muito, mas que não é percebido pelos outros.
POEMA DE QUE TODOS GOSTAM
Pipas
Todas as pipas que tive
não as vi voando
míope que sou.
Só o barbante suspenso,
o farelo de vidro.
No alto, puxando,
a pipa invisível.
vem voar comigo.
Hoje não. Estou de castigo.
POR QUE GOSTAM: o que alcança as pessoas é o tom de infância que o poema traz
POEMA DE QUE GOSTO
Ave
Parte-se no ar
a asa,
esvai-se
o voo exato.
Cai vermelha,
grave,
a ave.
rodopia
debate-se
parte-se
no piso.
Não sobrevivo.
POR QUE GOSTO: gosto do ritmo e da cena que é descrita. Ao mesmo tempo musical e visual. Talvez não seja um poema relevante, enfim, mas gosto muito.
foto minha
7 comentários:
"Pipas" é um poema bem definido (é a expressão que me ocorre), com metáfora que os leitores acolhem facilmente para dentro de suas almas, espelham-se nela, compreendem e tomam o poema. É o poema que o leitor toma para si.
"Ave" é arte poética em grau mais elevado ainda. É um drama, cuja cena se formou na minha mente. Desculpe se ele é o poema que vc gosta, pois passou a ser meu também. Vc perdeu a posse dele.
No meu caso, os poemas de que gosto são os que servem como um 'lembrete' dos meus sentires.
Tento guardá-los em versos, e depois admirá-los ou envergonhar-me deles, quem sabe?
Gostei dos dois poemas. Este "Ave", achei-o excelente, pois vi nele dois dramas: o da ave caindo, e o drama de quem a vê cair, de quem sofre.
Abraço.
Obrigado, Gerana, Jamile e Flamarion!!
Gostei dos dois também. Belíssimos, ambos. Tô aqu pensando nos meus de cada categoria. Te dou notícia em breve!
Estou aguardando, Nilson
Mandarei os meus. bj
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