Tive a sorte de ganhar um prêmio (Prêmio Copene, hoje Brasken, da Fundação Casa de Jorge Amado) e assim fazer minha estreia na literatura. Alguém dirá, um bom amigo talvez, que tive a sorte e o talento. Talento? Acho que sim, mas não se trata de uma crença absoluta em mim, trata-se de uma crença construída de pequenos sucessos, com muita desconfiança e um suspiro esperançoso no final: É! Talvez eu seja bom! Dito isso, para não acharem que sou modesto, vamos tratar da sorte de ganhar e da sorte de perder.
Sim! Ganhar um prêmio também é sorte, independente do talento. Afinal, não se pode esquecer que naquele júri existem pessoas com suas idiossincrasias, suas crenças particulares sobre o que é bom e belo. É uma sorte encontrar uma banca que esteja em sintonia com sua forma de escrever. Lembrar disso ajuda a ganhar com serenidade. Afinal, pode ter acontecido apenas isso, sintonia, e não o reconhecimento de um talento absoluto acima dos gostos pessoais. E ajuda a perder com serenidade também, pelos mesmos motivos vistos de maneira invertida.
Às vezes, a gente ganha por azar, por que o livro não era bom e a gente acaba publicando algo que precisava de mais maturidade. É a partir desse raciocínio que penso na sorte de perder. Pode-se ganhar muito com isso. Vejam 3 VESTIDOS E MEU CORPO NU. Trata-se de um livro de contos pequeno. Esses contos já compuseram um livro maior. Este livro participou de concursos e não ganhou. Que sorte! Ficou tão melhor o livro assim, tão uno, tão forte! E o próximo, com outros contos do mesmo livro, será também forte. O livro grande se diluía, ficava sem uma identidade marcante. Esses pequenos são muito melhores. E olhe que são os mesmos contos.
Foi sorte!
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