Adelice Souza, publicando agora seu terceiro livro, vê que “Para uma certa Nina são rabiscos de contos, fragmentos de contos, ou até mesmo projetos de contos, mas tudo escrito ainda dentro da idéia do conto, que é a forma que eu gosto de escrever. Tudo está em volta de uma história a ser contada, mesmo que seja de forma diminuta, como se fosse um trechinho de prosa poética disfarçada de Koan, de haicai, de pequeno poema. É um conto grande, partido em pedaços, e ofertado para uma mulher que conheci depois de um acidente de carro que eu vivi em 2005, no alto sertão nordestino, no pé de uma serra na divisa de Pernambuco e Ceará. Ela esteve lá, não lembro o seu nome, era uma mulher bonita, cheia de filhos, alegria no rosto e um marido bonito, honesto. Resolvi chamá-la de Nina. Ela já não tinha dentes. E a pele e o cabelo eram muito estragados pelo sol. E olhava pra mim como eu fosse um mistério, quando o mistério era ela própria”. E finaliza: “Ao ser convidada para o projeto editorial Cartas Bahianas, eu quis enviar uma carta àquela mulher. Um conto, que é o que eu mais gosto de escrever entre as coisas que se escreve. E então nasceu este livrinho híbrido, arcaico e contemporâneo. Um registro suave e delicado de sensações vividas durante esta viagem no sertão, onde atravessei desde a Bahia até o Norte do Ceará, lendo Guimarães Rosa. Por isso, uma homenagem a ele no final do livrinho. Para uma certa Nina é uma travessura, uma travessia, mais um dos meus livrinhos de contos. De outro jeito, mas do mesmo modo, da mesma maneira”.
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