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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
O vestir de cada um
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Vão das Letras
Vão das Letras fechará o ano com música e poesia
A programação cultural contará com apresentação do Grupo Viola de Arame e bate-papo com os escritores Goulart Gomes, Marcus Vinícius, Lucas Jerzy e Rafael dos Prazeres
A última edição da Feira de Livros Vão das Letras de 2010, promovida pelo Núcleo do Livro, Leitura e Literatura da Fundação Pedro Calmon/SecultBa, em parceria com o Teatro Castro Alves e a Câmara Bahiana do Livro (CBaL), ocorrerá no dia 19 de dezembro, das 12h30, às 18h, no Vão Livre do TCA (Campo Grande). O evento trará uma variedade de livros com preços especiais de final de ano, além de uma programação cultural, voltada para a promoção da música, do livro e de autores baianos.
No local, o público também terá acesso a artesanato do Bazar da Rampa. A entrada é gratuita e aberta a toda família. A Feira acontecerá junto ao projeto Domingo no TCA que, neste dia, trará o Balé Teatro Castro Alves, apresentando a montagem “À Flor da Pele”, na Sala Principal, às 11 horas, com ingressos a R$ 1 (inteira), sendo vendidos no mesmo dia, a partir das 9 horas, com o acesso imediato do público.
A abertura da Feira será com o show instrumental do grupo Viola de Arame, que apresentará ao público um repertório que passeia pelos ritmos e melodias do samba chula, do pagode de viola, do baião, do choro, e ainda outras fusões inusitadas, através de releituras de temas populares e de composições próprias. Os músicos multi-instrumentistas, Júlio Caldas e Cássio Nobre, apresentam neste trabalho alguns dos resultados de suas experiências com a viola caipira (ou viola de arame).
Escritores - Para o momento da Conversa com o Escritor, o NLLL convidou quatro artistas da palavra, que falarão sobre suas vivências criativas e participação em concursos literários. Os escritores que estarão em contato com o público serão Goulart Gomes, Marcus Vinícius, Lucas Jerzy e Rafael dos Prazeres, autores que têm em comum o fato de todos terem ganhado prêmios no Estado do Paraná em 2009. Marcus Vinícius ficou em primeiro lugar no Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio – 2009, da Secretaria de Cultura do Paraná, com o conto: A omoplata. Neste mesmo concurso, Lucas Jerzy foi indicado para menção honrosa, com o conto: Os galos. Já Goulart Gomes e Rafael dos Prazeres foram contemplados no Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody 2009, da mesma Secretaria, com menção honrosa, com os poemas: Pluvial(Goulart) e Hipertexto de Fidelidade (Rafael).
A Feira é uma realização do Núcleo do Livro, Leitura e Literatura da Fundação Pedro Calmon/SecultBa, em parceria com o Teatro Castro Alves e a Câmara Bahiana do Livro (CBaL). No Vão das Letras, os soteropolitanos encontrarão exposição de livros das livrarias RV Quadrinhos e Mídia Louca, além das editoras Grupo Editorial Record, Edufba e os Sebos Cantinho da Pituba e Sebo Praia dos Livros, entre outros. Outras editoras e escritores independentes interessados em comercializar suas obras no local, devem procurar a CBaL para confirmar sua presença.
Biografias - Goulart Gomes nasceu em Salvador. É administrador de empresas, com pós-graduação em Literatura Brasileira e em Gestão de Comunicação Integrada. Fundador do Grupo Cultural Pórtico (1995) e criador da linguagem poética Poetrix (1999). Obteve 65 prêmios em concursos de poesia, prosa e festivais de música e participou de 48 coletâneas publicadas no Brasil, Cuba, Espanha, USA, Itália, França e Coréia do Sul.
Marcus Vinícius Rodrigues nasceu em Ilhéus-BA, é advogado, professor, e Mestre em Letras pela UFBA. Publicou os livros Pequeno inventário das ausências(Prêmio Brasken) - poesia; 3 vestidos e meu corpo nu (Ed P55, 2009) - contos. Já participou de várias antologias, e é ganhador de diversos concursos literários.
Lucas Jerzy psicólogo, pós-graduado em Saúde Mental pela FAMED-UFBA. Mantém o blog de crítica cultural O Último Baile dos Guermantes (www.ultimobaile.com). Tem contos, crônicas e poemas premiados e agraciados com menção honrosa em diversas premiações literárias de âmbito nacional como a XX Noite Nacional de Poesia (3º lugar, Campo Grande, MS, 2007), Fundação Cultural de Canoas - RS (1º lugar, crônicas, 2009).
Rafael dos Prazeres é natural de Recife-PE e radicado em Salvador-BA há 20 anos. Professor da língua Portuguesa e graduado em Língua e Literaturas Inglesas, é autor de textos publicados em jornais da Bahia, Paraná e Rio de Janeiro; em revistas universitárias e na internet. No último ano publicou Simbiose, livro de poesia; um verbete no Dicionário de Personagens Afro-Brasileiras.
Serviço:
O que: Feira de Livro Vão das Letras
Onde: No Vão Livre do Teatro Castro Alves – Campo Grande
Quando: Dia 19 de dezembro (domingo), das 12h às 18h
Quanto: Grátis
Contato: (71) 3116-6677
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Diálogos - Panorama da nova poesia grapiúna

Mais conhecida fora da Bahia por conta da obra de Jorge Amado e Adonias Filho, a região Grapiúna, cujas cidades pólo são Ilhéus e Itabuna, onde se desenvolveu o cultivo do cacau, também viu nascerem poetas de fundamental importância para a literatura baiana, como Adelmo Oliveira, Ildásio Tavares, Abel Pereira e Florisvaldo Mattos, apenas para citar alguns.
Calcados nessa forte tradição, uma nova geração de poetas grapiúnas foram apresentados em Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna (Ilhéus/Itabuna: Via Litterarum/Editus, 2009), obra organizada pelo poeta e ensaísta Gustavo Felicíssimo. Aos dez antologiados da primeira edição – Edson Cruz, Heitor Brasileiro Filho, Noélia Estrela, Piligra, George Pellegrini, Rita Santana, Fabrício Brandão, Daniela Galdino, Mither Amorim e Geraldo Lavigne – juntam-se, agora, em segunda edição, mais dois poetas – André Rosa e Marcus Vinícius Rodrigues – dessa vez com sete poemas cada um, contra cinco da primeira edição. São doze poetas (alguns deles bastante premiados) que já estão inseridos entre aqueles que produzem a melhor poesia baiana, quiçá brasileira, deste início de século.
A segunda edição, revista e ampliada, de Diálogos, será lançada no próximo dia 11 de dezembro, às 18 horas, na Academia de Letras de Ilhéus, oportunidade em que haverá um bate-papo com Jorge de Souza Araújo, prefaciador da obra, sobre a poesia baiana contemporânea.
domingo, 28 de novembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
EVENTOS
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
CAMPUS II
O seminário TERRITÓRIOS DA FICÇÃO – BRASIL SÉCULO XXI terá início no dia 22/11, das 14 às 17 horas, no auditório da Fundação Hansen Bahia, com uma mesa-redonda sobre o tema Espaços da intimidade na ficção contemporânea, da qual participarão os escritores Állex Leilla e Marcus Vinícius Rodrigues. Serão lançados os livros Primavera nos ossos, de Állex Leilla (romance. Editora Casarão do Verbo, 2010) e Cada dia sobre a terra, de Marcus Vinícius Rodrigues (contos. EPP Edições, 2010) e feitas comunicações pelas alunas Janaína Ezequiel França (O sol que a chuva apagou, de Állex Leilla), Gabrielle Alano Carcavilla (3 vestidos e meu corpo nu, de Marcus Vinícius Rodrigues, e Laços de família, de Clarice Lispector) e Jana Cambuí Alves Lima (Vestígios da Senhorita B, de Renata Belmonte).
FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL 2:
EDUCAÇÃO BÁSICA E CULTURA:
DIAGNÓSTICOS, PROPOSIÇÕES, NOVOS AGENCIAMENTOS
18 a 21 de novembro de 2010
Dia 19/11/2010 (SEXTA-FEIRA) – SEGUNDO DIA
10:30 às 12:30 – MESAS SEMIPLENÁRIAS (MARGENS DA LITERATURA)
Mesa 2 - Local: Auditório do Campus II
Literatura e mídias: agenciamentos e entre-lugares nas configurações de gênero e sexualidades
Coordenador: Prof. Dr. Paulo Garcia (Pós-Crítica/UNEB)
Convidados:
Pesquisador convidado: Prof. Dr. Djalma Thürler (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências – IHAC/UFBA) - Dramaturgia e Produção cultural
Personalidade cultural: Marcus Vinicius Rodrigues, escritor
Personalidade da Educação Básica: Állex Leilla (UEFS)
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
CADA DIA SOBRE A TERRA
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
CADA DIA SOBRE A TERRA
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
UM EPISÓDIO NA AMAZÔNIA

Há momentos da vida que ficam para sempre na memória. São vivos e intensos ali no tempo real dos acontecimentos; ganham mais cor logo a seguir, na primeira vez que são contados. Depois, quando guardados no escaninho da alma, vão esgarçando como tecido que se desfaz. É apenas o carinho de lembrar que lhes vem cerzir de novo. É na memória vaga, distante, que ganham sua forma definitiva, suas cores firmes. Tenho uma lembrança assim.
É uma lembrança verde brilhante, mais brilhante ainda por surgir em meio à sombra de uma floresta.
Morei no Amazonas quando criança. Tinha entre 10 e 11 anos quando estivemos em Humaitá, uma cidade pequena no encontro da Transamazônica e o Rio Madeira. Morávamos eu e meus pais. Meus irmãos estudavam em Manaus, no Colégio Militar. Sozinho, eu tinha em meu pai a presença mais constante para brincar. Era ele quem fazia para mim brinquedos de madeira, como uma jangada que guardei por muitos anos.
Um dia, ele resolveu me levar para caçar. De verdade, revendo hoje a história, creio que ele nem pretendia caçar mesmo. Era apenas uma aventura nossa juntos. Um passatempo sem objetivo sério. Ele caçava, sim, com os amigos, quando ficava dias fora de casa. Nossa aventura, porém, deveria ser mais leve. Atravessamos o rio Madeira em uma balsa, a outra margem misteriosa que eu via da praça da cidade à noite. Ou melhor, não via, pois para aquele lado não havia cidade. Uma ou outra casa mal iluminada por algum candeeiro. Nestas minhas noites olhando para o rio escuro, fantasiava ali o fim do mundo. As estrelas do céu — nunca mais vi tantas — se dobravam no espelho da água escura e ganhavam a companhia daquelas estrelas falsas dos candeeiros. Eu imaginava um abismo para o espaço sideral, o vácuo por onde passava um laboratório espacial, um satélite que ia cair a qualquer momento: o Skylab.
Daquele lado do rio, ficava a Lagoa do Paraíso. Talvez apenas um igarapé mais aberto, sem tantas árvores a lhe cobrir a lâmina d´água. Íamos muito para lá. Meu pai conhecia uma família que morava ali na beira, numa casa alta, preparada para sobreviver às cheias. Não foi bem para lá que fomos nessa viagem. Paramos antes, à beira da estrada, e entramos na mata para a tal caçada. Íamos sem nada além de uma espingarda na mão de meu pai. Entrar na floresta é sempre uma experiência excepcional. Lá dentro é noite. Embaixo das árvores fechadas, algumas com raízes mais altas que meu pai, e pisando apenas em folhas secas, uma camada tal grossa que nem se sente o chão, ali nem se pode pensar que é ainda terra. Tudo é mata, água e mosquitos. Tudo demasiadamente vivo.
E o que é vivo é úmido.
Para mim, aquele era o sentido da expressão ¨boca da Mata¨, que eu ouvia falar então. Só depois notei que em vários lugares se usa a expressão, tão comum como chamar uma cachoeira de véu de noiva.
Distraídos, nós nos perdemos. Ficamos algum tempo rodando sem saber onde ficava a estrada. Muito tempo, pareceu. Foi nessa procura que nos deparamos com um laguinho verde. Ali no meio das sombras daquelas árvores que cobriam tudo apareceu o inusitado de uma clareira sobre um lago redondo, apenas um pouco maior que a sala de minha casa de vila militar. Era inusitado porque tão pouco espaço podia estar também coberto, como tudo. No entanto, aquilo se abria para o céu e o sol entrava inteiro. O lago estava coberto por uma vegetação flutuante que nem sei dizer o que era. Não eram as tais vitórias-régias que já tinha visto tanto e que não me cansava de desenhar nos cadernos da escola. Eram apenas umas folhinhas miúdas e muito verdes e muito brilhantes e muito inesquecíveis.
Dali a algum tempo, ouvimos a estrada e seus carros. Achamo-nos, enfim.
Nunca esqueci dessa minha aventura de criança.
Outro dia, porém, tive notícias do mesmo momento, por um ponto de vista que até agora não conhecia. Foi meu pai quem se lembrou do episódio e, relembrando comigo, perguntou: você não ficou com medo? Eu respondi, muito natural, que não. Ele estranhou. Mas como? Eu fiquei com medo. Então, ocorreu-me algo, tão rápido que nem percebi. Só depois, ouvindo minha voz, surpreendeu-me a frase: é que o senhor estava sozinho com uma criança. Eu estava com meu pai!
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
domingo, 4 de julho de 2010
A N I V E R S Á R I O
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Texto sobre Eros resoluto na Diverso e afins
Por Fabrício Brandão
Quem desfolhar as páginas pungentes de Eros Resoluto (Coleção Cartas Bahianas - P55 Edições – Salvador – 2010), novo rebento do autor baianoMarcus Vinícius Rodrigues, certamente irá se deparar com uma narrativa que ousa instaurar algo que pode ser tido como um tempo da delicadeza. Tal expressão sobressai como um trunfo muito bem utilizado pelo escritor para penetrar com densidade num lugar que extrapola os horizontes aparentes do erotismo. Os três contos que perpassam o livro nos falam de certas paisagens íntimas da condição humana, construindo uma trama na qual os seus protagonistas são acometidos por uma varredura psicológica de suas veleidades.
acessem a revista para ler a continuação do texto:
http://www.diversos-afins.blogspot.com/
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sábado, 19 de junho de 2010
JOSÉ SARAMAGO (1922 - 2010)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
I Colóquio sobre Modos de produção e circulação artístico-cultural
domingo, 6 de junho de 2010
Crônica de Affonso Romano de Sant'Anna citando o conto "A omoplata"
Crônica de Affonso Romano de sant'Anna em qu cita o conto "A omoplata', que está no livro Eros resoluto
SEXO, FACA E MORTE
(CRÔNICA) PostadA por Affonso Romano de Sant'Anna, em 05/06/2010, às 23:25
LINK: http://www.affonsoromano.com.br/blog/index.php
Há alguns anos o diretor de teatro, Luiz Antônio Martinez Correia (irmão de José Celso), que morava aqui perto de minha casa, em Ipanema, foi assassinado com facadas.
Há alguns anos, Aparício Basílio, artista e amigo, conhecidíssima figura do soçaite de Rio e São Paulo foi assassinado da mesma forma em São Paulo.
Há alguns anos, meu amigo Almir Brunetti, também morreu esfaqueado em Brasília, Conheci-o primeiro em New Orleans, onde ele era professor, e depois o revi várias vezes na Universidade de Brasília e no Rio.
Com algumas variantes, ocorre-me a lembrança do memorialista Pedro Nava, do editor Emanuel Brasil e do meu aluno Maurício que escreveu uma tese sobre "O duplo".
Esta semana morreu esfaqueado em Curitiba o escritor Wilson Bueno, que também conheci. Ele é autor de alguns livros instigantes, dirigiu o jornal "Nicolau" e escreveu um livro prevendo a futura mistura do português e do espanhol.
Faca, sexo e morte.
Que estranha atração imanta essas palavras e estraçalha vidas?
Que percepção patética teve Freud quando decifrou alguns dos símbolos que organizam nossas pulsões?
Pois há alguns meses li um conto de Marcus Vinícius Rodrigues intitulado "A Omoplata" e fiquei impressionado, impressionadíssimo. É um dos mais tocantes e bem escritos textos sobre essa nebulosa margem entre o crime e o amor, entre o desejo e o perigo.
Eu havia conhecido Marcus Vinícius há uns dois anos quando fizemos, com outros escritores, uma série de conferências no interior da Bahia. Mas só vim recentemente a ler aquele conto sobre a relação erótica entre um homem e um "menino". Semana passada, por coincidência, em Salvador ele assistia a uma palestra minha e me deu esse conto publicado num livrinho "Eros Resoluto" (Ed.Cartas Baianas).
O conto, como uma navalhada na carne, é de uma precisão fatal. Começa com uma indagação: "E essa cicatriz?". E faz uma pequena descrição de uma cicatriz que um dos amantes tem na omoplata. "Ele passou a mão pela omoplata esquerda do outro. Era um risco em diagonal. Começava perto do ombro, o esquerdo, e ia descendo e se aproximando da coluna. Ele estava deitado de costas na cama. O outro, de bruços sobre ele, as pernas sobre seu ombro direito, abraçado em suas pernas. Nus. Ele acariciava o corpo do outro, as coxas, a bunda, as costas, numa lenta preguiça.
-Parece que lhe arrancaram uma asa".
E o conto prossegue numa atmosfera ambígua, difusa em que sexo, ameaça e perigo se atraem.
A cicatriz parece feita com faca. É uma sugestão. O texto é cortante. O menino parecia um anjo e um anjo perverso. Corpos e mentiras se entrelaçam. A cicatriz lembrava corte de faca, mas podia ser o esforço para se implantar ali uma asa de anjo. Tudo era falso e verdadeiro: "encontrado na rua, um menino que poderia ser um assaltante, tão falsa aquela história do colégio de freiras" que teria originado a cicatriz.
E a história vai para seu desfecho trágico, não narrado diretamente, mas sutil e inteligentemente sugerido. Depois de diálogos, brincadeiras, ameaças veladas e declarações de amor, o personagem dirige-se à cozinha onde nota a ausência de uma faca. "Na ordem absoluta havia apenas uma falha: a gaveta de talheres imperceptivelmente entreaberta. Um alarme estourou na sua cabeça. Ele não abriu a gaveta, mas o que não via se mostrava nítido em seus olhos. Parecia tão claro. Todas as cenas voltaram como um relâmpago. As conversas. Tudo em velocidade, até um momento se fixar. O sorriso do menino tilintando atrás de uma frase:
-Quem te salva?
Ele lembrou. Num instante rápido, quis que nada disto tivesse acontecido, queria não ter se deixado levar por... Devia ter tomado mais cuidado. Queria retroceder, escapar, mas tinha ido longe demais, já estavam num ponto em que não se pode mais voltar".
(*) Estado de Minas/ Correio Braziliense
RESULTADO DO SORTEIO
sábado, 22 de maio de 2010
Sorteio de Eros resoluto
Caros,
Vou sortear 2 exemplares do Eros resoluto para os seguidores do blog (quem ainda não for, só precisa dar um clique em seguir). Basta fazer um comentário neste post. O sorteio será assim. Quem fizer o primeiro post ganha automaticamente. O outro livro será sorteado da seguinte maneira. Pegarei o quarto maior número sorteado na mega sena do dia 05/06 e começarei a contar incluindo o primeiro comentário até achar o sorteado. Se cair no primeiro comentário, seguirei para o próximo.
Os ganhadores mandam endereço por e-mail e eu envio o livro.
DAMÁRIO DACRUZ (27/07/1953 - 21/05/2010)

quarta-feira, 19 de maio de 2010
Partículas
Dois instantes por vez
na contagem da vida:
a cada ferida, uma cura
a cada dor, escura que seja,
outra vez a faísca.
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Vês como meço o horizonte?
Cada passo por vez
e cada vez mais rápido,
até, talvez, o último passo.
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Sempre a três o divino se serve,
na espera do último juízo:
fazer-se único e eterno
ao fim de tudo que é breve.

E não são de breves e fugazes
pequenas muitas partes
que se fazem tantos todos:
o absoluto dos incapazes?
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É a vitória dos instantes
que a vida nos reclama.
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Agora mesmo faltou-me
a destreza, escapou-me
a medida da hora.
De não saber é que se alimenta o mistério.
8
8
8
8
8
8
desenhos feitos no iphone
sábado, 8 de maio de 2010
Gato por Bárbara Tércia

quarta-feira, 5 de maio de 2010
Enfim, ao leitor

segunda-feira, 3 de maio de 2010
Eros resoluto e 3 vestidos e meu corpo nu
sábado, 1 de maio de 2010
Hermaphrodite endormi
segunda-feira, 26 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
Convite Cartas Bahianas
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Eros resoluto e O livro do quase invisível
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Eros resoluto
Eros resoluto, pela Coleção Cartas Bahianas
Nasceu o livro. Aí está a capa. A cor não é exatamente essa. Será um tom de rosa mais escuro. Escolhi hoje a cor. Procurava um azul, mas o rosa se impôs.

segunda-feira, 19 de abril de 2010
Para Eugénio de Andrade
Hoje acordei com saudades de Eugénio de Andrade. Aí vai um poema dele e, abaixo, um poema meu para ele, que conheci (os livros) apenas quando já estava perto de sua partida deste mundo. Escrevi o poema quando ele já estava doente.
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
PARA EUGÉNIO DE ANDRADE
Sei de ti há tão pouco
e tão pouco sei
e ainda assim
sinto-me íntimo.
Tanto é o muito neste pouco.
O que pra mim era o mundo
mostra-se oco
de não te ter no meu passado.
Eu que sou feito de memória e saudade,
esta palavra tão nossa
a unir-nos de porto a porto,
a fazer do mar que nos separa
o mar que nos abraça.
Eu te abraço,
eu te aconchego,
faço-me teu
leito de águas,
antes de vir a barca.

quarta-feira, 14 de abril de 2010
Livros e livros
Há algum tempo disse aqui que estava escrevendo um livro. Estou. Vai ser lançado em agosto, tudo indica. Trata-se de um livro de contos sobre a Bahia e tem, até agora, o nome de CADA DIA SOBRE A TERRA.
A TARDE DE UM FAUNO
Darei mais informações quando tudo se confirmar.
domingo, 28 de março de 2010
S.O.T.E.R.Ó.P.O.L.I.S
Esta cidade,
que se despeja poente abaixo,
calçada de pedra,
antiga e moderna
no jeito de deslizar contorcida,
difíceis as subidas de suas ladeiras,
esta cidade não se salva.
Na forma como canta
sempre o sol que deita
e de como se espanta
do dia quente que a encontra
ainda no deleite do amor,
e esse homem
lhe contando as lendas
cativante e antigo,
e esse outro arrancando-lhe
o futuro do umbigo,
e a espera
nesta beira de terra
debruçada sobre o mar,
como aquela deusa vaidosa
ou aquela outra,
a face multiplicada nas águas
devastando o tempo
os seus mirantes cansados.
Esta cidade não se salva.
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