quarta-feira, 19 de maio de 2010

Partículas

Dois instantes por vez

na contagem da vida:

a cada ferida, uma cura

a cada dor, escura que seja,

outra vez a faísca.

Vês como meço o horizonte?

Cada passo por vez

e cada vez mais rápido,

até, talvez, o último passo.

Sempre a três o divino se serve,

na espera do último juízo:

fazer-se único e eterno

ao fim de tudo que é breve.

E não são de breves e fugazes

pequenas muitas partes

que se fazem tantos todos:

o absoluto dos incapazes?

É a vitória dos instantes

que a vida nos reclama.

Agora mesmo faltou-me

a destreza, escapou-me

a medida da hora.

*



De não saber é que se alimenta o mistério.

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desenhos feitos no iphone

3 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Incrível! É o princípio da imprevisibilidade em um poema dos mais belos. Belíssimo!
Realmente admiro tua escrita.

Susy Freitas disse...

além do belo poema, como a mai aí em cima disse, adorei as imagens que o acompanharam/complementaram.

Marcus Vinícius Rodrigues disse...

Obrigado!