segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para Eugénio de Andrade

Hoje acordei com saudades de Eugénio de Andrade. Aí vai um poema dele e, abaixo, um poema meu para ele, que conheci (os livros) apenas quando já estava perto de sua partida deste mundo. Escrevi o poema quando ele já estava doente.

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente

permanecer.

PARA EUGÉNIO DE ANDRADE

Sei de ti há tão pouco

e tão pouco sei

e ainda assim

sinto-me íntimo.

Tanto é o muito neste pouco.

O que pra mim era o mundo

mostra-se oco

de não te ter no meu passado.

Eu que sou feito de memória e saudade,

esta palavra tão nossa

a unir-nos de porto a porto,

a fazer do mar que nos separa

o mar que nos abraça.

Eu te abraço,

eu te aconchego,

faço-me teu

leito de águas,

antes de vir a barca.

3 comentários:

Einstein² disse...

Belo poema, eitha estou com sorte por estes dias! Alelúia e salve! Gostei de tudo aqui! Seguindo-te! Abraço forte!

Marcus Vinícius Rodrigues disse...

Bem vindo, rapaz. Sorte minha que fui no seu perfil e conheci essa Emilie Simon, de quem nunca tinha ouvido falar. Não sei como eu estava vivendo sem ouvi-la

Gerana Damulakis disse...

Muito bom o poema do poeta português e do poeta baiano que, sinceramente, faz uma homenagem com AMOR.