Hoje acordei com saudades de Eugénio de Andrade. Aí vai um poema dele e, abaixo, um poema meu para ele, que conheci (os livros) apenas quando já estava perto de sua partida deste mundo. Escrevi o poema quando ele já estava doente.
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
PARA EUGÉNIO DE ANDRADE
Sei de ti há tão pouco
e tão pouco sei
e ainda assim
sinto-me íntimo.
Tanto é o muito neste pouco.
O que pra mim era o mundo
mostra-se oco
de não te ter no meu passado.
Eu que sou feito de memória e saudade,
esta palavra tão nossa
a unir-nos de porto a porto,
a fazer do mar que nos separa
o mar que nos abraça.
Eu te abraço,
eu te aconchego,
faço-me teu
leito de águas,
antes de vir a barca.
3 comentários:
Belo poema, eitha estou com sorte por estes dias! Alelúia e salve! Gostei de tudo aqui! Seguindo-te! Abraço forte!
Bem vindo, rapaz. Sorte minha que fui no seu perfil e conheci essa Emilie Simon, de quem nunca tinha ouvido falar. Não sei como eu estava vivendo sem ouvi-la
Muito bom o poema do poeta português e do poeta baiano que, sinceramente, faz uma homenagem com AMOR.
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