Esta cidade,
que se despeja poente abaixo,
calçada de pedra,
antiga e moderna
no jeito de deslizar contorcida,
difíceis as subidas de suas ladeiras,
esta cidade não se salva.
Na forma como canta
sempre o sol que deita
e de como se espanta
do dia quente que a encontra
ainda no deleite do amor,
e esse homem
lhe contando as lendas
cativante e antigo,
e esse outro arrancando-lhe
o futuro do umbigo,
e a espera
nesta beira de terra
debruçada sobre o mar,
como aquela deusa vaidosa
ou aquela outra,
a face multiplicada nas águas
devastando o tempo
os seus mirantes cansados.
Esta cidade não se salva.
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5 comentários:
Mas os poetas salvam a cidade. Excelente, amigo poeta, amigo contista.
Poesia moderna, com ritmo e melodia muito bons, e de uma temática atual com metafórica, de linguagem referencial e expressiva. Parabéns. Prazer em ler. Claudio Pereira.
Obrigado, Gerana e Cláudio
saltar dos mirantes cansados alcançar um barco. navegar.
para além do que está soterrado...
Quiçá esta e nenhuma outra cidade se salvem, meu querido amigo e poeta!
Abraços!
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