domingo, 28 de março de 2010

S.O.T.E.R.Ó.P.O.L.I.S

Esta cidade,

que se despeja poente abaixo,

calçada de pedra,

antiga e moderna

no jeito de deslizar contorcida,

difíceis as subidas de suas ladeiras,

esta cidade não se salva.


Na forma como canta

sempre o sol que deita

e de como se espanta

do dia quente que a encontra

ainda no deleite do amor,


e esse homem

lhe contando as lendas

cativante e antigo,

e esse outro arrancando-lhe

o futuro do umbigo,


e a espera

nesta beira de terra

debruçada sobre o mar,

como aquela deusa vaidosa

ou aquela outra,


a face multiplicada nas águas

devastando o tempo

os seus mirantes cansados.


Esta cidade não se salva.

.

.

.

.

.


5 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Mas os poetas salvam a cidade. Excelente, amigo poeta, amigo contista.

Anônimo disse...

Poesia moderna, com ritmo e melodia muito bons, e de uma temática atual com metafórica, de linguagem referencial e expressiva. Parabéns. Prazer em ler. Claudio Pereira.

Marcus Vinícius Rodrigues disse...

Obrigado, Gerana e Cláudio

karina rabinovitz disse...

saltar dos mirantes cansados alcançar um barco. navegar.

para além do que está soterrado...

Fabrício Brandão disse...

Quiçá esta e nenhuma outra cidade se salvem, meu querido amigo e poeta!
Abraços!