Dias cheios estes.
Ando ocupado com a tarefa de escrever um livro de contos, um livro que, talvez, ainda esse ano publique. Trata-se de um livro temático, composto por apenas sete contos. Ainda não posso falar o título nem do que se trata. Nem sei se vai dar certo! Agora há pouco, acabei o primeiro conto e, depois de muito pensar nele, acho que sua realização não ficou boa. terei de pensar melhor. Vai para a gaveta por enquanto. Imediatamente comecei outro que já estava pensado. Penso todos os contos antes, mas na hora de escrever mesmo é uma aventura, é quando você vai conhecendo melhor aquelas pessoas. Este, vejam só, pensei em fazer na primeira pessoa, mas já na segunda linha me traí e ele ficou na terceira pessoa. Vou colocar a seguir o primeiro parágrafo.
Comentem!
Não precisava de todos os sentidos para saber que a casa acordava, por isso não abria os olhos. Para quê? Sabia que as cortinas estavam fechadas e que sua mãe só viria bem mais tarde, quando tivesse certeza de que ele já tinha acordado, ou quando decidisse que ele deveria acordar. Então, ela entraria silenciosa no quarto, pegaria suas roupas sujas no chão e com cuidado verificaria se o pouco barulho que fez serviu para acordar o filho. Se não, abriria a janela deixando que o vento se encarregasse de balançar as cortinas e fazer entrar a luz da manhã. Hoje, ele sabia, ela viria bem mais tarde. Era preciso dormir muito, ela dissera na noite anterior, dormir sem pressa e só acordar depois que o mundo se acomodasse de novo. Ele dormiu pouco. Foi uma noite de sobressaltos em que do nono profundo despertava para o susto, como se algo lhe expulsasse dos sonhos. Nestes momentos acordado, a casa pulsava num silêncio despovoado. Ele tentava escutar a mãe, a tia e a avó em seus quartos, algum vestígio da noite que tiveram, mas nada ouvia. O cansaço logo vinha e o sono retornava. Toda a noite passou assim, até que reconheceu os primeiros barulhos da manhã.
3 comentários:
Pois eu gostei. Me situei bem nos cenários externo e interno. Noites, pesadelos, a rotina cotidiana e algo que inquieta, desassossega.
Abraços
Já fico assanhada só de pensar que vem algo novo por aí.
MV: ilustrarei um conto de Carlos Ribeiro com o seu farol - o conto se passa no farol de Itapuã e está intitulado "O Farol". Perto do lançamento do livro de contos dele, que tive a honra de prefaciar, farei a postagem, tá?
Bjo, amigo. Vou cobrar o convite do café com torta qualquer dia desses.
Gostei muito. É interessante como o seu texto flui e situa o leitor no tempo, no lugar. Agora quero ver o resto!!
Postar um comentário