segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Amor marinheiro

Meu amor é marinheiro

e não faz de mim porto qualquer

onde larga seus desejos.


Nem porto sou sequer,

que de natureza fugidia

também eu sou feito.


Mais que o mar e suas correntes,

submarinos quereres me navegam

ao mais fundo, abissal, leito.


De nossos encontros, eu e meu amor,

nascem borrascas incontroláveis,

maremotos, gigantes vagas.


Eu, o mar, ele, o barco altivo

que resiste e cede, afunda e emerge

entre o singrar e o naufrágio.


Meu amor capitaneia e decide

contra a onda sísmica, eu, que

sobre o barco arrebenta virgem.


Os céus se aproximam, precipitam raios,

toda a amplidão por todos os lados

se debruça a ver-nos enfim amar.


E, então, tudo acalma.

barco e oceano se reconciliam

em marulhos e carinhos e beijos.


Retorno ao fôlego compassado

qual maré respirando à costa

e ele volta ao caminho traçado.


Volta à praia, ao seguro porto da casa,

leva sorrisos pelo corpo, gargalhadas,

todas as risadas que pude lhe dar.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Conheço o Pequeno inventário da ausência, e outros poemas em antologias, pois procuro acompanhar a poesia baiana e brasileira, e pelos últimos poemas publicados neste blog vc já foi melhor, mais conciso e denso. Os últimos poemas do blog estão repletos de prosaísmo. A ideia amorosa é boa, mas os versos pecam pela frouxidão. Abraços.
Danilo Bonfim.

Marcus Vinícius Rodrigues disse...

Obrigado, Danilo. É verdade. Estou mais derramado. Neste Mar marinheiro principalmente. Deve ser esse sentimento. O amor não faz bem aos meus versos. Veio essa onda de poemas, uns dez de vez. publiquei esses três. acho que o primeiro ainda se resolve bem...os outros não vou publicar agora. Alguns precisam de um olhar crítico como o seu, outros, que se parecem com o que vocês espera, revelam demais do poeta. Eu só publicaria na distanciamento de um livro. Mas talvez a prática da prosa tenha me feito perder a mão na poesia. Bem, todos os meus amigos dizem que eu devo para com a poesia e ficar na prosa. Quem dera eu pudesse. você já leu os contos? Quer ler? abraços, MV