Meu amor é marinheiro
e não faz de mim porto qualquer
onde larga seus desejos.
Nem porto sou sequer,
que de natureza fugidia
também eu sou feito.
Mais que o mar e suas correntes,
submarinos quereres me navegam
ao mais fundo, abissal, leito.
De nossos encontros, eu e meu amor,
nascem borrascas incontroláveis,
maremotos, gigantes vagas.
Eu, o mar, ele, o barco altivo
que resiste e cede, afunda e emerge
entre o singrar e o naufrágio.
Meu amor capitaneia e decide
contra a onda sísmica, eu, que
sobre o barco arrebenta virgem.
Os céus se aproximam, precipitam raios,
toda a amplidão por todos os lados
se debruça a ver-nos enfim amar.
E, então, tudo acalma.
barco e oceano se reconciliam
em marulhos e carinhos e beijos.
Retorno ao fôlego compassado
qual maré respirando à costa
e ele volta ao caminho traçado.
Volta à praia, ao seguro porto da casa,
leva sorrisos pelo corpo, gargalhadas,
todas as risadas que pude lhe dar.
2 comentários:
Conheço o Pequeno inventário da ausência, e outros poemas em antologias, pois procuro acompanhar a poesia baiana e brasileira, e pelos últimos poemas publicados neste blog vc já foi melhor, mais conciso e denso. Os últimos poemas do blog estão repletos de prosaísmo. A ideia amorosa é boa, mas os versos pecam pela frouxidão. Abraços.
Danilo Bonfim.
Obrigado, Danilo. É verdade. Estou mais derramado. Neste Mar marinheiro principalmente. Deve ser esse sentimento. O amor não faz bem aos meus versos. Veio essa onda de poemas, uns dez de vez. publiquei esses três. acho que o primeiro ainda se resolve bem...os outros não vou publicar agora. Alguns precisam de um olhar crítico como o seu, outros, que se parecem com o que vocês espera, revelam demais do poeta. Eu só publicaria na distanciamento de um livro. Mas talvez a prática da prosa tenha me feito perder a mão na poesia. Bem, todos os meus amigos dizem que eu devo para com a poesia e ficar na prosa. Quem dera eu pudesse. você já leu os contos? Quer ler? abraços, MV
Postar um comentário