domingo, 27 de dezembro de 2009

Meu amor não me beija os pés.

Ele morde meus calcanhares.


Eu nunca escapo, embora tente,


e quase sempre engasgo

de também o ter entre os dentes.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Tive muito que rir hoje ao telefone

e nada pude responder ao meu amor.


Vigiavam-me olhos virgens

incapazes de entender meu riso.


É que me contava o meu amor,

como se não tivesse eu vivido,


a última tarde em minha casa,

uma festa, ele escondido


fazendo-me prazeres impróprios

a uma casa repleta de amigos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Foto de Humaitá-Amazonas. Colégio Patronato Maria Auxiliadora, onde estudei nos anos de 1978/1979. Minha mãe esteve lá hoje e mandou uma foto. Não é essa, mas o colégio está exatamente igual. As freiras desse colégio inspiraram as freiras do conto A OMOPLATA, que ganhou o Prêmio Newton Sampaio/2009.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Quero no corpo pelo dia
carregar grudado o gosto do amor.

Ele ainda há pouco saía
e me deixou assim inundado.

Eu, como um gato, me distraio da vida
neste gesto lasso de me lamber alegrias.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Agora mesmo o meu amor está mentindo

e maldiz uma viagem de trabalho.


Mas sou eu quem o espera rindo,

bendizendo minhas férias.


Vou tirar férias de mentir

que não sou feliz nem amado


e vou contar a todo estranho

que este é o amor ao meu lado.


Nossos passeios de mãos dadas

não terão registros em retratos.


Serão lembranças clandestinas,

segredos de apaixonados.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Meu amor me ensina a andar de bicicleta,

o equilíbrio delicado da aventura.


Ele segura firme e me ampara

quando hesito e ameaço a queda.


O vento no rosto, o chão fugindo sob os pés,

tudo me engole em vertigens.


Quando, cansados, deitamos à sombra de uma árvore,

as nuvens tontas de nossa festa na relva,


sou eu quem ensina, professor aplicado,

a verdadeira arte: de se qui li brar-se.

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Desenhos no celular

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Somos apenas bons amigos.

Ensaiamos essa frase há dias


para esconder dos outros a felicidade,

pois é clandestina a nossa alegria.


Vivemos nosso segredo pelos cantos,

os beijos rápidos, furtivos e sinceros,


até o dia de enfim sermos pegos

com as bocas sujas de sexo.